A história do Largo da Feira

domingo, 31 de maio de 2009

Num passado mais recente, mas não menos importante, ainda Vilarinho da Castanheira tinha a vivacidade duma vila, faziam-se grandes feiras no que é hoje o Largo da Feira e onde casas de habitação eram ainda escassas.
Segundo os populares, a feira, por volta de 1970 ainda era uma feira muito forte. Realizava-se todos os dias 1 e 12 de cada mês sendo, num destes dois dias, a Feira do Gado. A Feira de Ano, que acolhia mais vendedores e compradores, era no dia 1 de Novembro e apelidada de Feira de Santos.
As feiras de Vilarinho tinham fama um pouco por todo o lado, testemunho disso foi o facto de um senhor residente numa aldeia pertencente ao distrito da Guarda (Quadrazais), questionar uma vilarinhense que aí residiu, se ainda se faziam as grandes feiras no Vilarinho e considerava que estas eram as maiores feiras transmontanas de gado da altura. Este senhor viajava da sua aldeia até Vilarinho da Castanheira para vender os seus produtos adquiridos através do contrabando vindo de Espanha.
Estas feiras, além do gado, vendiam também produtos que a terra dava (verduras, frutas, etc…), ferragens, doces, roupas, entre outros… Vinham também ourives, latoeiros muitos atravessando o rio e/ou de cavalo.
Quando se pergunta aos habitantes o motivo de tais feiras terem terminado, muitos são os que respondem que terá sido devido à emigração.

P.S.: Há mais ou menos 2 a 3 anos, é feita uma pequena Feira de Produtos Regionais, onde todos os produtores vilarinhenses podem participar com os seus produtos e onde os nossos emigrantes podem encontrar produtos para levar para os seus países de acolhimento. Este ano será, em princípio, no Salão Paroquial a pedido de muitos emigrantes que acharam o Salão da Junta de Freguesia um tanto fora de mão. Será na altura da festa de Agosto. Não deixem de aparecer.

1 comentários:

Anónimo disse...

As feiras

O planalto era rico em pastagens. Estas permitiam a criação de vários gados, especialmente, ovinos, caprinos e bovinos.
Estes animais eram transaccionados nas feiras de Vilarinho, de 1 e 12 de cada mês, no lugar designado por «O Castelo» ou «A Feira».
Os feirantes acorriam das aldeias circunvizinhas, negociando também porcos e outros animais domésticos.
Ali também afluíam tendeiros e ourives. Estendiam as suas mercadorias sobre as cantarias que restavam do Castelo mandado construir por D. Dinis e nunca acabado. Este Castelo, já desaparecido, em 1527 ainda existia embora malbaratado.
As feiras eram muito concorridas e as tabernas também. Havia muitas rixas. Era raro o dia de feira em que não apareciam, no consultório do Dr. Belarmino, «metoitas» rachadas, vulgo «esmicholados» – por apedrejamento ou à paulada.
A rudeza destas pessoas por vezes era mal suportada pelo médico provocando dificuldades de comunicação.
Os golpes eram desinfectados, tratados e suturados com agrafos – ganchos que uniam os lábios das feridas.
A maioria dos pacientes, passada uma semana, já estava em condições de se tirarem os agrafos e prontos para outra, não obstante das recomendações do Dr. Belarmino.
Outros, regressavam às suas aldeias «borrachos», deambulando majestosos de um lado para o outro das ruas, «não se tendo nas canetas». A certa altura paravam para fazer um chichi interminável contra uma parede, para gáudio da garotada.

(Eram assim as feiras em Vilarinho há 60 anos)

(Cajoco)

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